Crianças em excesso, pessoal em número insuficiente, poucas salas, recreios pequenos ou inexistentes, carga de incêndio desnecessária e edifícios com deficientes condições de evacuação foram alguns dos problemas que a Pro Teste encontrou num estudo que realizou em creches e/ou jardins de infância da Grande Lisboa(15) e do Grande Porto (10).
Em simultâneo, a Pro Teste distribuiu um inquérito aos pais das crianças dos estabelecimentos que visitou, de modo a avaliar a sua percepção, experiência e satisfação sobre o relacionamento com o pessoal, o funcionamento e as instalações. O seu descontentamento diz sobretudo respeito ao excessivo número de crianças por sala, à pequena dimensão de recreio e à pouca variedade de equipamento didáctico disponível.
Em 1993, aquela revista de defesa do consumidor já tinha realizado um estudo sobre o mesmo tema e os resultados tinham sido preocupantes. No presente estudo, registou-se apenas uma ligeira melhoria ao nível da segurança (uma vez que houve um estabelecimento que obteve um ‘bom’ neste aspecto). Ou seja, passaram-se entretanto oito anos, mas as creches e jardins de infância em Portugal continuam a necessitar de grandes mudanças para que se tornem locais onde as crianças cresçam saudavelmente e em segurança.
Perante estes resultados, segundo a Pro Teste, existem algumas medidas que têm de ser tomadas, nomeadamente ao nível legislativo. A legislação (de 1997) para a segurança dos espaços exteriores, por exemplo, continua a não ser aplicada. Ao contrário do que acontece nos jardins de infância, nas creches, com legislação de 1989, é só aplicável aos estabelecimentos com fins lucrativos, não é obrigatória a existência de um espaço exterior (recreio).
Na verdade, a legislação das creches tem omissões e exigências que não defendem devidamente as crianças. Por que razão um jardim de infância deve funcionar ao nível do piso térreo, mas é permitido que uma creche funcione num 2º andar? A confusão ao nível tutelar continua. As creches e os jardins de infância dependem do Ministério do Trabalho e da Solidariedade ou das Autarquias, mas os segundos podem também depender do Ministério da Educação. O que acontece numa inspecção? O inspector do Ministério da Educação só inspecciona as salas do jardim de infância?
Tal como acontece com os jardins de infância, também as creches deveriam ser integradas no pré-escolar. Assim, terminar-se-ia com uma desigualdade perigosa (ao nível da tutela e dos requisitos de funcionamento e de segurança) e socialmente injusta. É também necessário, ainda segundo a Pro Teste, que a fiscalização dos ministérios já referidos actue eficazmente a nível nacional e que se apliquem penalizações aos estabelecimentos que não cumpram o que está regulamentado e, por isso, comprometem o desenvolvimento saudável e em segurança de muitas crianças.
Os resultados deste estudo dão uma ideia aproximada do que poderá encontrar-se no resto do país. Não podemos, assim, ser tolerantes com a falta de segurança nem com o mau funcionamento dos locais onde as nossas crianças passam grande parte das suas vidas: é o seu futuro que está em causa. Pouco mudou desde a última inspecção, realizada há 10 anos. Até quando é que os responsáveis (Governo e proprietários destas instituições) vão continuar a permitir que as crianças passem horas, dias e anos a fio em locais sem condições de funcionamento ou de segurança mínimas?
Fonte: Revista Pro Teste (www.deco.proteste.pt ), edição de Junho.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Onde anda a Inspecção? VERGONHA...
O cenário das creches e jardins de infância em Portugal não é o mais convidativo। Descubra os motivos neste artigo que seleccionámos para si, extraído da revista ProTeste.
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