terça-feira, 26 de agosto de 2008

A História do Avó Americano

Em seguida, passo a relatar, a história de um avó americano, com um neto de 4 anos de idade que frequentava um jardim de infância. Ele contava[1]:

Recentemente levei o meu neto a fazer um teste de admissão para um programa de educação de infância para crianças de 4 anos. O meu neto, que é um apreciador da série de televisão Rua Sésamo, identificou facilmente as cores e formas, tarefas que a prova exigia.
Dias mais tarde... Hurrah! O Nick foi admitido ao programa pré-escolar sem qualquer problema. Como mulher e como mãe empregada, a minha filha estava deliciada por ter o filho num programa de alta reputação. Então advertiu-me: “ Pai, pode ir buscar o Nick à escola, mas na condição de não abrir a boca. Chame por ele, não fale com ninguém e traga-o para casa.” Eu prometi ir buscar o meu neto e não me meter em sarilhos.
Depois do Nick estar já há algumas semanas na escola, um dia, quando o fui buscar, cruzei-me com a professora dele. Apresentei-me à professora como um comerciante de gravatas reformado e perguntei-lhe por que ela tinha admitido o meu neto.
A professora respondeu que ele tinha passado no teste.
Então perguntei que teria acontecido se ele tivesse confundido a cor verde com a cor amarela, ou se ele não tivesse distinguido um quadrado e um círculo. Teria Nick sido admitido? “ Não”, respondeu prontamente a professora, “nesse caso ele não teria passado no teste e não teria, portanto, sido admitido”. Então Perguntei à professora se o meu neto estava definitivamente admitido e não seria mandado embora na base das perguntas tontas do avô.(O aviso da minha filha estava ainda nos meus ouvidos.) Depois de a professora me assegurar que o meu neto não seria excluído por causa de qualquer pergunta que eu fizesse prossegui: “ Não teria mais sentido admitir as crianças que não sabem as formas e as cores do que admitir as crianças que já sabem essas coisas?”
A professora olhou para mim como quem olha para os restos de um puré de batata. Eu era obviamente um velho ignorante e provocador. Então explicou-me que quando fez o seu mestrado em educação de infância, estudou a teoria e a investigação acerca da “Readiness”, disse-me a professora, é um conceito que ajuda os educadores a determinar quem está pronto para beneficiar de instrução escolar e quem está muito imaturo.”
“Oh”, repliquei, “eu pensaria que todas as crianças de 4 anos são imaturas”. De novo a professora olhou para mim com aquele ar cansado e desalentado com que as pessoas olham quando falam para alguém de uma estupidez sem limites. Então continuou explicando que a maturidade é determinada pela progressão ano a ano, da criança normal, através das etapas conhecidas do desenvolvimento. Explicou-me também como os peritos em psicometria tinham desenvolvido este exame de entrada. Explicou-me também que com base na distribuição normal da criança de 4 anos , era claro que o seu neto estava na metade superior, e portanto, “ pronto” para beneficiar de um programa de 4 anos.
Agradeci à professora e a cuidadosa paciente explicação, mas não pude evitar de colocar mais uma questão. “ No próximo ano, o meu neto, que já está testado como pertencente ao grupo dos melhores, terá acrescentado o benefício de ter estado num programa para crianças de 4 anos durante um ano completo. Não terá ele então aprendido muito mais e, portanto, não estará ainda mais avançado do que as crianças de 4 anos que reprovaram no teste de admissão e, consequentemente, ficaram um ano em casa, ou em qualquer outro sítio, sem benefício da educação pré-escolar? “ Será”, continuou o avó americano, “ que as crianças de 4 anos que forem este ano rejeitadas terão algum dia a possibilidade de recuperar?”.
Desta vez a professora olhou para mim significando que o meu comentário merecia uma resposta violenta, mas ela contaria até dez antes de a dar. Então pedi desculpas e não esperei pela sua explicação. A informação que me tinha dado era muito clara. Já a tinha obtido muitas vezes quer vinda de autores de testes, quer de administradores, quer de professores. Na verdade, o que ela estava disser quase directamente, mas sem usar as palavras exactas, era aquilo que poderia ser colocado num cartaz em muitos jardins de infância nos EUA:

AS CRIANÇAS QUE NÓS MELHOR ENSINAMOS SÃO AQUELAS QUE MENOS PRECISAM DE NÓS.
[1] A História do Avô Americano, aqui adaptada por Júlia Formosinho , é relatada no livro “Understanding Assessment and Evaluation in Early Childhood Education, de Dominic Gullo (1994).

1 comentário:

*sara* disse...

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